2003
Os banhos turcos são espaços mundanos e codificados. Sua arquitetura distribui os espaços de maneira a conduzir nossa experiência neles. Divide homens e mulheres na entrada, eles se despem, banham, conversam, tomam chá, repousam em seus espaços exclusivos e, depois, reúnem-se no bar do hamam. Mesmo para os frequentadores diários, a luz quase cênica dos hararets, com o vapor desenhando os feixes de luz que se projetam no mármore, deve ser ainda impressionante.
Turkish Delight foi criado a convite da 8a Bienal de Istambul – Poetic Justice. Nas janelas entre o pátio e a área fechada do bar do Cağaloğlu Hamamı, foram instalados muxarabis de acrílico e metal, os primeiros experimentos que fiz com padrões recortados a laser em acrílico. Estes novos filtros de cor vazados foram usados em muitos trabalhos depois disso, assim como o efeito de sobreposição de chapas perfuradas para gerar outros padrões também é recorrente desde Turkish Delight.
Nas áreas de vapor mais quente – os hararets –, toda a entrada de luz natural foi filtrada: no feminino, uma luz feita de azuis e violetas, meio lusco-fusco; no masculino, uma gama de amarelos e âmbar, mais solar.
O hamam seguiu funcionando normalmente durante a Bienal, como nos últimos trezentos anos, e, para visitar todos os espaços ocupados por Turkish Delight, era preciso despir-se e experimentar o banho a vapor.
2003